Museu Estadual do Carvão

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O Museu Estadual do Carvão, localizado em Arroio dos Ratos/RS, foi criado em março de 1986. Tem como objetivo preservar o patrimônio histórico e cultural a respeito da extração de carvão na região do Baixo Jacuí, bem como dos trabalhadores e suas famílias envolvidos nessa atividade. Guarda um importante acervo de objetos, ferramentas e demais utensílios utilizados por esses trabalhadores, além de um amplo acervo fotográfico. É responsável também pela salvaguarda da documentação oriunda das empresas mineradoras que controlaram a exploração de carvão na região desde o século XIX, o que constitui um dos principais arquivos sobre a história da mineração de carvão na América Latina.

De acordo com a memorialista local e historiadora Gertrudes Hoff (1992), os primeiros achados de carvão teriam sido localizados na região, hoje conhecida como carbonífera, ainda no final do século XVIII, na área do Curral Alto, atual Minas do Leão. Mais tarde, em 1826, na região do Faxinal, nas proximidades de Arroio dos Ratos, os escravizados pelo proprietário de terras Fuão Freitas teriam encontrado mais indícios do mineral passível de ser explorado. No entanto, a exploração mais sistemática se dá em 1853 com a concessão e o privilégio, por parte do então Governo Imperial, ao inglês James Jonhson, o que vai dar origem à primeira empresa exploratória de carvão mineral na região, a The Imperial Brazilian Collieres, em 1872. Ao longo dos anos, sucessivas empresas passam a controlar a produção e o escoamento do carvão, através de ferrovias e cabos aéreos. Na década de 1940, auge da exploração, as cidades de Arroio dos Ratos e Butiá chegam a ter cerca de sete mil operários envolvidos na indústria carbonífera.

O complexo do Museu Estadual do Carvão é composto por prédios que faziam parte da Usina Termoelétrica de Arroio dos Ratos, construídos na década de 1920. Além da Usina, o Museu também conta com um prédio das antigas oficinas, que eram responsáveis pela manutenção e fabricação de ferramentas e materiais; almoxarifado; prédio administrativo; entrada do poço de extração número 1 (fundado em 1908) e o antigo laboratório de análises da qualidade do carvão, local que hoje abriga o Arquivo Histórico da Mineração.

Por muitos anos, a documentação que hoje está sob salvaguarda do Arquivo Histórico da Mineração do Museu do Carvão esteve gravemente ameaçada. Por iniciativa da comunidade local, principalmente através da Associação Cultural Butiaense, da cidade de Butiá, foram desenvolvidas ações de sensibilização para a importância da documentação, o que englobou ações com grupos universitários e com escolas de ensino básico da região em oficinas de higienização e levantamento inicial da massa documental. Esse processo culminou na transferência da documentação para o Museu do Carvão, em Arroio dos Ratos, e posterior angariamento de recursos para a reforma do prédio que hoje abriga o Arquivo Histórico e para a organização atual do acervo.
O Arquivo Histórico do Museu do Carvão conta com 10 fundos documentais divididos em subfundos e séries documentais, tendo como base a análise diplomática do conjunto do acervo. De forma geral, o mesmo está organizado a partir das empresas/companhias que controlaram a exploração do carvão mineral na região, tendo como recorte temporal o ano de 1889 até 1996.
Além dos fundos documentais do Arquivo Histórico, o Museu Estadual do Carvão também abriga acervo museológico composto por objetos bidimensionais e tridimensionais utilizados pelos trabalhadores da mineração na região em diferentes períodos, totalizado em um inventário de cerca de duzentas peças. Alguns exemplos são: lampiões, picaretas, martelos, moldes em madeira, objetos em ferro e maquinário. No que se refere ao acervo iconográfico, o Museu do Carvão também possuí coleções de fotografias que somam aproximadamente trezentas fotos, sendo elas originais e/ou cópias em papel de foto. Nessas coleções estão registros dos trabalhadores em atividade, da formação das vilas que deram origem às cidades da região (Arroio dos Ratos, Butiá, Minas do Leão e Charqueadas), do ambiente de trabalho nas minas e da Usina Termoelétrica de Arroio dos Ratos, além de fotografias referentes ao processo de constituição do Museu do Carvão na década de 1980. É importante ressaltar que o acervo fotográfico possuí fragilidades quanto ao registro de data de produção, autores e até mesmo identificação de local, principalmente nas fotos mais antigas (primeira metade do século XX).

ENRIQUEZ VIVAR, J.; SIMÕES, S. S.; COUGO JUNIOR, F. A. Arquivo Histórico da Mineração Carbonífera: inventário dos fundos documentais 1889-1996. Porto Alegre: Formadiagramação, 2021. Disponível em: http://hdl.handle.net/10183/238718.

De segunda-feira a domingo, das 8h30min às 18h30min. As pesquisas no Arquivo Histórico são de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h30, e é necessário agendamento prévio por e-mail.

Pesquisas são gratuitas e é necessário apenas agendamento prévio. No Arquivo Histórico há sala para pesquisa e equipamentos de proteção individual (máscaras e luvas).

Descrição da Instituição elaborada por Liana Ribeiro, historiadora.
Primeira versão em agosto de 2023.