Área de identificação
Código de referência
Título
Data(s)
- 1891 - 1936 (Produção)
Nível de descrição
Dimensão e suporte
Papel, textual
0,6 metros lineares
Área de contextualização
Nome do produtor
História administrativa
As origens da Companhia Estrada de Ferro e Minas de São Jerônimo estão relacionadas com o início da exploração mais sistemática do carvão mineral na região do baixo Jacuí. Na década de 1850, através de autorização por decreto provincial, a produção foi controlada por capital inglês. Mais tarde, em 1872, agora por meio de decreto do governo imperial, é concedida a autorização de funcionamento para a Imperial Brazilian Company Limited, fundada na Inglaterra. Maquinários e trabalhadores ingleses vieram para a região de Arroio dos Ratos e se deu início à construção da Estrada de Ferro que ligaria as minas de Arroio dos Ratos até São Jerônimo. Essa empresa encerrou suas atividades em 1878 e seus direitos de concessão foram transferidos para a Holtzweissig e CIA de Porto Alegre que, apenas cinco anos depois (em 1883), também encerra a exploração do mineral. A interferência do carvão inglês pode ser apontada como elemento fundamental para as dificuldades encontradas pelas empresas na inserção no mercado nacional ocasionadas, dentre outras coisas, à qualidade do produto e estrutura precária de transporte. Em 1884, a então concessão passa para a Companhia das Minas de Carvão de Pedra de Arroio dos Ratos (CMCPAR), constituída majoritariamente por capital nacional. É essa empresa a responsável pela abertura do conhecido "poço Isabel" de Arroio dos Ratos, em 1885, e também pela construção de um novo trecho de ferrovia, ligando as minas de Arroio dos Ratos até o porto de embarque em Charqueadas, barateando o preço da produção do carvão pois não seria mais necessário o pagamento de intermediários. Contudo, as dificuldades relacionadas ao preço do carvão inglês também criavam empecilhos à atividade da CMCPAR, somada aos poucos investimentos apontados pela mesma por parte do governo federal. Assim, a empresa foi liquidada e redistribuída entre credores e acionistas. A partir de 1889, a empresa passa a ser denominada como Companhia Estrada de Ferro e Minas de São Jerônimo.
No final do século XIX, a vila de Arroio dos Ratos crescia e a empresa abria novos poços de extração de carvão. Em 1895 eclode a primeira greve de mineiros na região de que se tem notícia, exigindo melhores condições de vida e trabalho.
Ao longo da Primeira Guerra Mundial a indústria carbonífera conheceu algum crescimento interno, oriundo das crises de abastecimento. No entanto, ao final do conflito, a entrada de carvão estrangeiro voltou a ser uma realidade. No contexto da crise de 1929 é realizado o decreto federal de 1931 que define um percentual de 10% de consumo para o carvão nacional em relação ao importado.
Em 1918 eclode mais uma greve de trabalhadores nas Minas de Arroio dos Ratos, envolvendo cerca de 400 mineiros que reivindicavam aumento de salário, permissão para sair do subsolo quando não tivesse trabalho e nomeação de um fiscal, indicado por eles, para o controle do peso do carvão.
A partir da década de 1920, a empresa firma contratos de fornecimento de energia elétrica para regiões do Rio Grande do Sul. É também nesse contexto que vão ser implementadas legislações que visavam a proteção das classes trabalhadoras, objeto de bastante resistência por parte das empresas mineradoras. Na década de 1930, com a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, bem como das Comissões e Juntas de Conciliação e Julgamento, para demandas individuais, teremos, junto às greves e demais mobilizações dos trabalhadores, um importante instrumento acionado pelos mesmos em suas lutas por direitos e melhores condições de vida.
Em 1936, a Companhia Estrada de Ferro e Minas de São Jerônimo, juntamente com a Companhia Carbonífera Riograndense (CRR), de Butiá, firma um acordo com o Consórcio de Empresas de Mineração, o CADEM. Sendo assim, a administração de ambas as empresas passa para o CADEM, composto pelos seguintes sócios: Luis Betim Paes Lemes e Otavio Reis, pela CEFMSJ, Roberto Cardoso e Grupo Martinelli, pela CCR, cabendo a direção do Consórcio a Roberto Cardoso.
Entidade custodiadora
História do arquivo
De 1996 a 2008 a documentação esteve sob a guarda da ACUB, Associação Cultural Butiaense, mais especificamente no Engenho Novak, de propriedade da professora butiaense Gertrudes Novak. Em 2009, a partir do agravamento dos problemas estruturais no local citado, a documentação é transferida para a empresa Copelmi, até que a sede do atual Arquivo Histórico da Mineração, no Museu do Carvão, tivesse condições adequadas para armazená- la. No ano de 2011, com interferência de órgãos de preservação do patrimônio histórico- cultural são garantidos recursos , via empresa Copelmi, para que tais reformas fossem viabilizadas. Em 2013 a documentação volta ao Museu Estadual do Carvão, já em condições de ser armazenada e é então firmado um acordo de cooperação entre o Governo do Estado, novamente com a Colpelmi, para organização do acervo.
Hoje, organizado e disponível para consulta, constitui-se em um dos mais importantes acervos da América Latina sobre história da mineração de carvão.
Fonte imediata de aquisição ou transferência
Doação da empresa COPELMI.
Área de conteúdo e estrutura
Âmbito e conteúdo
A documentação é referente ao período de 1891 a 1936, sendo o maior volume a partir de 1910. O contexto histórico é marcado por debates e decisões governamentais acerca do consumo de carvão nacional. Informa a respeito da exploração, transporte e comercialização do carvão no período. Além disso, é possível nos aproximarmos, através do fundo, dos desdobramentos ocasionados em nível local e regional dos debates citados e também de movimentos dos trabalhadores da mineração, como greve e outros.
Avaliação, seleção e eliminação
Não há conhecimento sobre eliminação, sendo preservação permanente.
Incorporações
Não se aplica.
Sistema de arranjo
O fundo documental CEFMSJ está organizado em quatro séries documentais. A realidade fragmentada da documentação fez com que apenas um setor pudesse ser integralmente identificado, sendo ele o Escritório de Contabilidade. Em função disso, foi utilizada a metodologia funcional para os demais setores da citada empresa e que não necessariamente são os nomes originais dos setores envolvidos na criação ou tramitação dos documentos.
Área de condições de acesso e uso
Condições de acesso
Pesquisas são gratuitas e é necessário apenas agendamento prévio por e-mail ou telefone. No Arquivo Histórico há sala para pesquisa e equipamentos de proteção individual (máscaras e luvas).
Condiçoes de reprodução
Idioma do material
- português do Brasil
Script do material
Notas ao idioma e script
Características físicas e requisitos técnicos
Documentação em papel, não sendo exigidas condições especiais para pesquisa.
Instrumentos de descrição
ENRIQUEZ VIVAR, J.; SIMÕES, S. S.; COUGO JUNIOR, F. A. Arquivo Histórico da Mineração Carbonífera: inventário dos fundos documentais 1889-1996. Porto Alegre: Formadiagramação, 2021. Disponível em: http://hdl.handle.net/10183/238718.
Área de materiais associados
Existência e localização de originais
Fundo composto por documentos originais e cópias não localizadas em outras instituições.
Existência e localização de cópias
Não há conhecimento de cópias em outra instituição.
Unidades de descrição relacionadas
As unidades se relacionam por contemporaneidade e relação de negócios. Assim, a CEFMSJ, produtora deste fundo, foi contemporânea e parceira de negócios do produtor do fundo Companhia Minas de Carvão do Jacuhy, CMCJ, que atuava na mesma região, e contemporânea da Companhia Carbonífera Riograndense, CCR, que também atuava na mesma região.
Área de notas
Identificador(es) alternativos
Pontos de acesso
Pontos de acesso de assunto
Pontos de acesso de local
Pontos de acesso de nome
Pontos de acesso de gênero
Área de controle da descrição
Identificador da descrição
Identificador da entidade custodiadora
Regras ou convenções utilizadas
Estado atual
Nível de detalhamento
Datas de criação, revisão, eliminação
Criação da primeira versão nos Acervos da Cultura do RS: outubro de 2021.
Revisão da primeira versão nos Acervos da Cultura do RS: agosto de 2023.
Idioma(s)
Sistema(s) de escrita(s)
Fontes
ENRIQUEZ VIVAR, Jorge Eduardo; SIMÕES, Silvia; COUGO JUNIOR, Francisco Alcides. Arquivo Histórico da Mineração Carbonífera: inventário dos fundos documentais 1889-1996. Porto Alegre: Forma Diagramação, 2021. Disponível em: http://hdl.handle.net/10183/238718.
Nota do arquivista
Adaptação e manutenção das descrições no Acervos da Cultura do RS foi realizada por Liana Ribeiro, historiadora.