Área de identificação
Código de referência
Título
Data(s)
- 1954 - 2017 (Produção)
Nível de descrição
Dimensão e suporte
Bibliográfico: 5887 itens; Eletrônico: 133 itens; Filmográfico: 257 itens; Iconográfico e Textual: 42,55 metros lineares (não inclui massa documental da série “Presidência”); Sonoro: 5307 itens; Tridimensional: 601 itens.
Fonte: estimativas realizadas no âmbito do projeto “Acervo arquivístico da extinta FIGTF: recomposição lógica e orgânica para qualificação do acesso”, registros de levantamentos realizados pela FIGTF e pelas equipes das instituições atualmente detentoras do acervo por solicitação da Diretoria de Memória e Patrimônio da Secretaria da Cultura.
Área de contextualização
Nome do produtor
História administrativa
As origens da Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore remontam ao ano de 1954, quando os interesses de intelectuais ligados à Comissão Estadual de Folclore – os chamados “folcloristas de polígrafo” – e de tradicionalistas ligados ao 35 – Centro de Tradições Gaúchas levaram à criação do Instituto de Tradição e Folclore (ITF). Vinculado à recém-criada Divisão de Cultura da Secretaria Estadual da Educação do Rio Grande do Sul (1954), o ITF foi concebido para promover investigações e difusão de conhecimento a respeito das tradições e do folclore sul-rio-grandense. De acordo com Nedel, o Instituto “tirou jovens aprendizes do anonimato e concretizou o acolhimento oficial do tradicionalismo à estrutura estadual de governo”, tornando possível “associar burocraticamente ao estudo do Folclore o culto à Tradição” (2015, p. 154). Responsável pela realização de pesquisas sistemáticas, congressos e cursos de formação, o ITF chegou a constituir a Escola Superior de Folclore (dirigida à formação de professores da rede pública), mas foi extinto, possivelmente, em 1967, de acordo com estimativa de Nedel (2005). Na década seguinte, durante o governo de Euclides Triches, a organização foi recriada, desta vez sob a denominação de Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore.
Estruturado como fundação de direito público, o IGTF foi institucionalizado através da Lei nº 6.736, de 19 de setembro de 1974, tendo como base de atuação a "pesquisa e a divulgação da cultura gauchesca" (RIO GRANDE DO SUL, 1974). Em 27 de dezembro do mesmo ano, o Decreto nº 23.613 aprovou o Estatuto da FIGTF, definindo suas finalidades básicas, seu modelo de organização e funcionamento e a constituição de seu patrimônio e receita. Em 31 de dezembro de 1974, o instituto passou à supervisão da Secretaria de Estado da Educação e Cultura (Decreto nº 23.662), condição que se alterou em 1981 (com a criação da Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo, através do Decreto nº 30.471). Este vínculo foi alterado posteriormente em outras ocasiões, devido a mudanças na estrutura administrativa do Estado, mas a FIGTF permaneceu ligada à pasta responsável pela Cultura. Por exemplo: de 1987 a 1989, a FIGTF integrou o Conselho Estadual de Desenvolvimento Cultural (CODEC) e, de 1989 a 1990, a Secretaria Estadual de Cultura, Turismo e Desporto, sucedida pela Secretaria da Cultura, criada pela Lei nº 9.117 de 20 de julho de 1990.
Durante suas primeiras duas décadas de funcionamento, as principais atividades desenvolvidas pela FIGTF foram a realização de pesquisas de campo voltadas à coleta de artefatos e registros de manifestações relacionadas à cultura do Rio Grande do Sul e o apoio a eventos de cunho cultural e artístico no estado – em especial os festivais de música nativista, com os quais o Instituto contribuiu com assessoria técnica. Durante este período, a instituição publicou a célebre série “Cadernos Gaúchos”, uma coletânea de publicações sobre temas vinculados ao folclore e às tradições do Rio Grande do Sul. Através do trabalho de profissionais especializados, a instituição reuniu também um importante e multifacetado acervo arquivístico, biblioteconômico e museológico, conjunto reunido na Biblioteca e Hemeroteca Glaucus Saraiva. Em 1990, este acervo foi complementado pela doação de mais de 2,5 mil monografias produzidas por alunos da Faculdade de Música Palestrina (FAMUPA), de Porto Alegre (RIO GRANDE DO SUL, 2017).
Ainda que as finalidades da FIGTF não tenham sido alteradas ao longo de sua trajetória, observa-se que, a partir de meados da década de 1990, o órgão passou a fomentar atividades menos vinculadas à investigação da cultura e do folclore sul-rio-grandense e mais atreladas à promoção das manifestações artísticas do Estado. Neste sentido, em 1999, a instituição inaugurou o Museu do Som Regional Edson Otto (INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS, 2011), integrado por publicações e, principalmente, por documentos de gênero fonográfico (discos de 78 RPM, compactos, LPs, K7s e CDs) produzidos no Rio Grande do Sul e/ou por artistas do Estado – e coletados por meio da campanha “Doe um disco, tchê!” (RIO GRANDE DO SUL, 2011; ARNECKE, 2012). No mesmo período, em maio de 2002, a instituição criou o Estúdio Público César Passarinho, destinado à gravação de programas radiofônicos, à produção de música regional e à digitalização dos conteúdos do Museu do Som Regional (RIO GRANDE DO SUL, 2002).
Ao menos desde 1985, a instituição coletava informações sobre a memória dos festivais de música nativista realizados no Rio Grande do Sul (TOLEDO, 1985). Neste sentido, em meados dos anos 2010, a FIGTF criou o Memorial dos Festivais, um espaço destinado a reunir o acervo arquivístico acumulado pela instituição ao longo de sua trajetória junto aos mais de 40 certames de música nativista realizados a partir de 1971 (COUGO JUNIOR, 2015). Além disso, na década de 2010, a instituição passou a investir esforços em diferentes projetos vinculados à cultura popular, como o carnaval de rua e as manifestações da cultura imaterial do Estado. Também nesta década, a fundação participou ativamente de grandes eventos, tais como o Acampamento Farroupilha, a Expointer e a Feira do Livro de Porto Alegre.
Em 16 de janeiro de 2017 a Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore foi extinta através da Lei nº 14.978. O encerramento das atividades da FIGTF ocorreu em virtude da execução do chamado Plano de Modernização Administrativa, que previu o enxugamento das estruturas administrativas do Governo do Estado do Rio Grande do Sul sob a justificativa de obter maior economicidade de recursos. De acordo com a legislação, a Secretaria da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer (SEDACTEL) passou a ser responsável por desempenhar as atividades antes exercidas pela fundação. Todos os bens da instituição foram revertidos em patrimônio do Estado. Em meados de 2017, as atividades do instituto foram formalmente encerradas.
História do arquivo
Criada em 1974, com o objetivo de pesquisar e divulgar a chamada “cultura gauchesca” (RIO GRANDE DO SUL, 1974), a Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore produziu, desde seus primórdios, um vasto conjunto documental relacionado ao seu próprio funcionamento enquanto fundação de direito público. Além dos documentos arquivísticos de caráter administrativo, produzidos em função das rotinas internas da instituição, a FIGTF acumulou grande quantidade de registros provenientes de atividades de pesquisa e de difusão da cultura sul-rio-grandense.
Na segunda metade dos anos 1970, o instituto contou com uma equipe de pesquisadores responsáveis pelo registro de diferentes manifestações relacionadas à arte e à cultura “gauchesca”. Através da ação destes profissionais, que percorreram campo e cidade nas mais diversas regiões do estado, foram produzidos e acumulados documentos de diferentes gêneros (textual e iconográfico, principalmente) que reportam costumes, cantos, crenças, danças, expressões linguísticas, festas, indumentária, lendas etc. Estes registros foram devidamente reunidos em dossiês catalogados a partir de metodologia própria (adaptada da Classificação Decimal Universal) e passaram a integrar a Biblioteca e Hemeroteca Glaucus Saraiva, espécie de centro de documentação mantido pela própria FIGTF. Mais tarde, em 1990, foram reunidas na Biblioteca mais de 2,2 mil monografias produzidas pelo Curso de Especialização em Folclore da Faculdade de Música Palestrina (FAMUPA) de Porto Alegre, em recorte temporal que abrange os anos de 1980 a 1987.
Para além dos documentos produzidos em função das atividades administrativas e de pesquisa folclórica, o subfundo documental da FIGTF também é composto pelos documentos do chamado “Memorial dos Festivais”, conjunto que abrange folderes, programas de divulgação, fichas de inscrição, cópias de letras de músicas e fotografias relativas a cerca de 40 festivais de música nativista realizados no Rio Grande do Sul a partir de 1971.
Cabe destacar que, em 1999, a FIGTF constituiu o Museu do Som Regional Edson Otto, um espaço originalmente dedicado à acumulação de registros documentais relacionados à música produzida no Rio Grande do Sul. A iniciativa, que durante um período incorporou os documentos do “Memorial dos Festivais”, caracterizou-se pela coleta de numerosa quantidade de documentos em gênero sonoro, especialmente discos LP e compactos, CDs, fitas K7 e, em gênero filmográfico, como fitas videomagnéticas VHS. Grande parte deste material foi reunido pela campanha “Doe um disco, tchê”.
Até 2017, o conjunto documental que constitui o subfundo FIGTF permaneceu reunido em um mesmo local de custódia – as instalações da própria instituição. Naquele ano, com o encerramento das atividades do órgão, o conjunto foi fisicamente disperso por diferentes instituições vinculadas à Secretaria da Cultura do Rio Grande do Sul. A opção pela divisão deu-se em função da tentativa de garantir as melhores condições possíveis de preservação e acesso ao acervo, o que levou os documentos a serem distribuídos por cinco instituições da Cultura:
- Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul
- Biblioteca Pública do Estado
- Discoteca Pública Natho Henn
- Museu Antropológico do Rio Grande do Sul
- Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa
Ao longo de sua trajetória, o subfundo documental da FIGTF não sofreu intervenções arquivísticas sistemáticas. Após sua extinção, equipes de algumas das instituições que receberam partes do acervo elaboraram instrumentos de busca relativos aos respectivos conjuntos sob sua responsabilidade. Os instrumentos produzidos pelas instituições da Cultura (ou pelo próprio FIGTF) que foram localizados ou fornecidos para a descrição do subfundo estão disponíveis para download nas páginas dos respectivos subníveis da descrição. Além disso, é possível constatar a permanência das relações orgânicas entre os documentos do subfundo que estão, fisicamente, em diferentes instituições. Este é um dos motivos que torna relevante a elaboração da presente descrição arquivística, que tem o objetivo de representar logicamente essas relações, conectando os diferentes conjuntos e os instrumentos de busca disponíveisem um todo maior, que é o subfundo FIGTF.
Fonte imediata de aquisição ou transferência
Aquisição, Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, 2017.
Secretaria da Cultura (Rio Grande do Sul).
Área de conteúdo e estrutura
Âmbito e conteúdo
Os documentos referem-se às atividades de pesquisa, divulgação e promoção da “cultura gauchesca” (RIO GRANDE DO SUL, 1974) desenvolvidas pela Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore entre os anos de 1974 e 2017. O conjunto é composto por documentos de diferentes gêneros, com destaque para os documentos textuais organizados em dossiês temáticos, para monografias que tematizam o folclore em suas diferentes manifestações, para o vasto acervo de gênero sonoro e para o acervo iconográfico produzido e acumulado pela instituição.
Avaliação, seleção e eliminação
Não constam registros sobre avaliação e eliminação de documentos no subfundo descrito.
Incorporações
Não se aplica.
Sistema de arranjo
Apesar de disperso por diferentes unidades da Secretaria da Cultura, o subfundo possui uma estrutura interna lógica que pode ser descrita a partir de três séries documentais: Presidência, Direção Administrativa e Direção Técnica – todas vinculadas às funções e atividades desempenhadas pela FIGTF a partir de sua estruturação orgânica. A série Direção Técnica congrega os principais subníveis da descrição, uma vez que abriga os maiores conjuntos de documentos arquivísticos, sempre vinculados às atividades-fim da extinta instituição. Na série, destacam-se as subséries Biblioteca e Hemeroteca Glaucus Saraiva, Museu do Som Regional Edson Otto e Memorial dos Festivais Nativistas. Tanto as séries, quanto as subséries acima descritas são compostas por conjuntos estruturados de documentos descritos respeitando-se as formas de arquivamento e ordenação originais (uma vez que tais documentos ainda não passaram por intervenção arquivística sistemática).
Área de condições de acesso e uso
Condições de acesso
Submetidas às normas das instituições responsáveis pelos conjuntos documentais.
Condiçoes de reprodução
As condições de reprodução obedecem às normas internas das instituições de custódia.
Idioma do material
- espanhol latino-americano
- português do Brasil
Script do material
Notas ao idioma e script
Características físicas e requisitos técnicos
A diversidade de gêneros e suportes físicos que constitui o subfundo inclui documentos que necessitam de mediação tecnológica e uso de equipamentos para o acesso à informação. Detalham-se os requisitos técnicos e as características físicas dos conjuntos na descrição das respectivas séries documentais.
Todos os documentos do subfundo FIGTF estão sujeitos às normas e às restrições técnicas da Secretaria da Cultura e das respectivas instituições responsáveis pelo conjunto documental.
Instrumentos de descrição
Não há instrumentos de pesquisa neste nível.
Área de materiais associados
Existência e localização de originais
O acervo é composto por diversas tipologias documentais. Os documentos integralmente produzidos pelo FIGTF, sobretudo de gênero textual e iconográfico, são originais.
Existência e localização de cópias
Provavelmente existem cópias de documentos bibliográficos, como livros publicados por editoras comerciais, e sonoros, produzidos por gravadoras, em instituições públicas e coleções privadas. No entanto, há registros sobre a localização dessas cópias. Não há também informação sobre cópias de documentos produzidos integralmente pelo FIGTF, como documentos textuais e iconográficos, e pela Faculdade Palestrina, que é bibliográfica, entre outros conjuntos.
Unidades de descrição relacionadas
Não há registro de outras unidades de descrição relacionadas por proveniência a este subfundo.
Nota de publicação
ARNECKE, Giana Lagranha de Souza. Discotecas Públicas de Porto Alegre: espaços de preservação e difusão da memória cultural. Trabalho de Conclusão de Curso - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012. Disponível em: http://hdl.handle.net/10183/54250 .
COUGO JUNIOR, Francisco Alcides. Arquivos da Tradição: uma reflexão crítica sobre os estudos de contexto arquivístico – o caso FIGTF. Trabalho de Conclusão de Curso - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. Disponível em: http://hdl.handle.net/10183/122515 .
NEDEL, Letícia Borges. Um passado novo para uma História em Crise: Regionalismo e Folcloristas no Rio Grande do Sul (1948-1965). Tese de doutoramento - Universidade de Brasília, Brasília, 2005. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/15294 .
ZALLA, Jocelito. O Centauro e a Pena: Barbosa Lessa e a invenção das tradições gaúchas. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2018.
Área de notas
Identificador(es) alternativos
Pontos de acesso
Pontos de acesso de assunto
Pontos de acesso de local
Pontos de acesso de nome
Pontos de acesso de gênero
Área de controle da descrição
Identificador da descrição
Identificador da entidade custodiadora
Regras ou convenções utilizadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6023: informação e documentação: referências: elaboração. 2ª ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.
BRASIL. Conselho Nacional de Arquivos. NOBRADE: Norma Brasileira de Descrição Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2006.
CONSELHO INTERNACIONAL DE ARQUIVOS. ISAD(G): Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística. 2ª ed. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2000.
Estado atual
Nível de detalhamento
Datas de criação, revisão, eliminação
Elaboração da primeira versão: novembro, 2022.
Revisão da primeira versão: dezembro, 2022
Idioma(s)
- português do Brasil
Sistema(s) de escrita(s)
Fontes
RIO GRANDE DO SUL. Lei nº 6.736, de 19 de setembro de 1974 (revogada pela Lei nº 14.978, de 16 de janeiro de 2017). Autoriza a criação do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore. Porto Alegre: Estado do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://www.al.rs.gov.br/FileRepository/repLegisComp/Lei%20n%C2%BA%2006.736.pdf . Acesso em 14 jul. 2022.
Nota do arquivista
Esta descrição preliminar é produto do Acordo de Cooperação Técnica FPE nº 2149/2022 (Governo do Estado do Rio Grande do Sul) e nº 23081.010568/2022 (UFSM), firmados para execução do projeto de extensão nº 057125 (UFSM), intitulado “Acervo arquivístico da extinta FIGTF: recomposição lógica e orgânica para qualificação do acesso”, desenvolvido por meio de uma parceria entre o Departamento de Arquivologia da Universidade Federal de Santa Maria e o Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa / Diretoria de Memória e Patrimônio, vinculados à Secretaria da Cultura do Rio Grande do Sul.