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Código de referência
Título
Data(s)
- 1939 - 1991 (Produção)
Nível de descrição
Dimensão e suporte
Folha de papel A4.
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Nome do produtor
Biografia
Às onze horas do dia 26 de dezembro de 1901, nasce Nathalio Henn, na cidade de Quaraí, fronteira com a cidade de Artigas, República Oriental do Uruguai, cidades que integravam os Povos Missioneiros. Filho de João Rodrigues, descendente de índios, e Inocência Henn, descendente de alemães.
No período entre os anos 1906 e 1912, Natho inicia seus estudos de piano aos cinco anos de idade, sua primeira professora foi, na verdade, a sua mãe. Tendo em sua família a música por tradição, era frequente a realização de saraus, peças teatrais ou recitais de canto e dança, compondo, neste período, obras como Dança de arlequim. Nesta idade ainda, foi influenciado pelo catolicismo, e sob orientação de um sacerdote, foi convidado a participar de cerimônias religiosas aos domingos, tocando peças de J. S. Bach e improvisos. Também, nessa época, tocou piano em clubes noturnos de Artigas, Uruguai, de forma a complementar e ajudar a renda da família, momento em que passaram por grandes dificuldades. Com o passar dos anos, Natho Henn passou a ser notado pela sua qualificação composicional, compondo uma coleção de valsas, influenciado principalmente, pela música de balé.
Em 1913, apesar das grandes dificuldades, sua mãe e Natho passam a residir em Montevidéu, na busca de continuidade dos estudos de piano de seu filho. Nesta fase, foi aluno de Willians Kokler, condiscípulo de Rubinstein. Foi nessa época que escreveu música para Branca das Neves, opereta em que foi intérprete principal. Ainda nesta fase, Natho Henn debruçou-se no estudo técnico do piano, impondo-se um rigoroso período de aperfeiçoamento criando estudos por meio da utilização de oitavas e terças de forma cromática, mesclando variações rítmicas. Ainda, compõe uma série de minuetos com temas modulados em diversas tonalidades, acentuando o sotaque brasileiro nessas composições. No mesmo ano, retorna a Quaraí, onde passa a lecionar piano e compor outras peças como, O Guasca, composição de características regionais, que procura captar os sons e o ritmo do estilo sulino de viver. Em 1917, sua mãe, Inocência Henn, acaba falecendo, foi ela a grande incentivadora de Natho para a arte e para a música.
Não se tem muitas informações sobre o lapso temporal após este período até a data de 1929, que é quando o Instituto Verdi de Montevidéu, outorga a Natho Henn o título de Professor Superior de Piano, com a classificação Sobresaliente y Mencion. Ainda neste período, estudou com Eduardo Fabini, importante compositor e pianista uruguaio, compositor de obras como “Tristes”, “Intermedios”, “Estudio Arpegiano” entre outras.
Em 1931, fixa residência em Livramento, neste ano, entre idas e vindas, viaja a Porto Alegre para apresentar um concerto na Sala Beethoven, espaço musical destinado a apresentações e concertos de música erudita, localizado na Casa Beethoven, loja de instrumentos musicais, acessórios e partituras que se mantém em exercício ainda nos dias de hoje.
Em 1934, apresenta recital no Theatro São Pedro, no programa estão obras de Beethoven, Chopin, Debussy, Fabini, Frutuoso Viana e as suas próprias composições.
Em 1935, ano do centenário da Revolução Farroupilha, é instituído um concurso musical para compositores gaúchos, competição cuja obra Páginas do Sul, de Natho, é vencedora.
Em 1939, apresenta recital de piano no salão nobre da Prefeitura de Livramento, entre as obras executadas, estão composições de Beethoven, Schumann, Debussy, Chopin e Liszt.
Em 1940, participa dos festejos do Bicentenário da Cidade de Porto Alegre, onde toca sua composição Páginas do Sul, figurando também o álbum comemorativo do Bicentenário.
Em 1942, muda-se para Porto Alegre, onde passa a exercer atividades de professor de piano, compositor e concertista. É neste período que surgem composições como “Violão” e “Prelúdio”. Passa também, a se apresentar em concerto no Theatro São Pedro, no programa, constavam clássicos e autorais.
Em 1943, compõe as obras “Ciranda”, “O canto da rolinha” e “Hino glória ao Brasil”, também trabalha com arranjos musicais para teatro infantil.
Em 1944, compõe “Prelúdio I” e “Prelúdio II”, apresenta-se no Theatro São Pedro novamente, conquistando, aos poucos, lugar entre artistas gaúchos.
Em 1945, realiza concerto em Santa Maria, em comemoração à reinstalação da Biblioteca Pública, e realiza recitais de piano nas Faculdades Católicas de Porto Alegre e novamente, mais um concerto no Theatro São Pedro, para a novel Associação Porto-alegrense de Cultura Artística, no programa, contava com obras de Mozart, Chopin, Mnuel de Falla, Luis Cosme, Liszt e composições próprias.
Em 1946, é nomeado Fiscal do Ensino Musical Particular pela Secretaria de Educação e Cultura do Rio Grande do Sul. Como professor, tem a satisfação de ver seus alunos realizando cursos de virtuose na Europa, entre eles: Maly Weisenblum, Raquel Gutiérrez, Roberto Szidon, Miguel Proença, entre outros. Ainda neste ano, participa, no Rio de Janeiro, da conferência-concerto Aspectos gerais da formação musical no Rio Grande do Sul, com o jornalista Paulo Antônio Moritz, no Auditório da Associação Brasileira de Imprensa. Nesta conferência - prestigiada por compositores como Radamés Gnattali, Luis Cosme e Walter Schultz - Natho Henn executa suas composições autorais.
Em 1947, participa de concerto em palácio, organizado pelo governador Valter Jobim, em homenagem ao presidente do Chile Gabriel Gonzalez.
Em 1954, é nomeado para exercer, cumulativamente o cargo em comissão de Assistente Técnico da Divisão de Cultura.
Em 1955, inaugura, com outras autoridades, a Discoteca Pública, localizada em um velho casarão situado na Praça Dom Feliciano. Natho Henn, torna-se o responsável e primeiro diretor desta instituição. Na Discoteca, realiza programas artísticos, incluindo obras autorais e participações. No mesmo ano, participa também do I Festival de Compositores Rio-grandenses no Theatro São Pedro, iniciativa do maestro Pablo Komlós, diretor da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, dentre os participantes, destacam-se a presença de Walter Schultz Portoalegre, Radamés Gnattali, Roberto Eggers, Armando Albuquerque, Araújo Vianna e Murilo Furtado.
Em 1956, compõe canções de Ofélia, personagem da peça de Hamlet, escrita por William Shakespeare. No mesmo ano, atua como solista no Festival Comemorativo do Bicentenário de Mozart, junto à Orquestra de Câmara do Instituto de Belas Artes (SOCIBA), sob a regência do Maestro francês Jean Jacques Pagnot. Ainda, realiza, em conjunto com o maestro Pablo Komlós e a professora Vera Thielen, audições discofônicas comentadas no Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano. Em dezembro do mesmo ano, inaugura, com o Diretor da Divisão de Cultura Ado Malagoli e outras autoridades, o Auditório Luis Cosme, na Discoteca Pública.
Em 1957, organiza audição discofônica, na Casa do Estudante, a pedido da Federação de Estudantes Universitários do Rio Grande do Sul. Nesta audição, a ementa foi baseada em comentários explicativos sobre obras e autores brasileiros. No dia 14 de julho deste ano, executa seu último concerto, no Centro Artístico e Literário Cap. Ernani Trein, em Porto Alegre.
Em 1958, é designado a exercer a função de Técnico em Música, no Theatro São Pedro. No dia primeiro de agosto, falece Natho Henn, em decorrência de insuficiência coronariana, artério esclerose, com a idade de 57 anos, no Hospital São Francisco, em Porto Alegre.