Coleção BR RSDPNH DOC NH - Documentos Natho Henn

Área de identificação

Código de referência

BR RSDPNH DOC NH

Título

Documentos Natho Henn

Data(s)

  • 1929 - 2004 (Produção)

Nível de descrição

Coleção

Dimensão e suporte

Iconográfico e Textual: 152 itens, dentre fotografias, recortes de jornal, gravuras e textos.

Área de contextualização

Nome do produtor

(1901 - 1958)

Biografia

Às onze horas do dia 26 de dezembro de 1901, nasce Nathalio Henn, na cidade de Quaraí, fronteira com a cidade de Artigas, República Oriental do Uruguai, cidades que integravam os Povos Missioneiros. Filho de João Rodrigues, descendente de índios, e Inocência Henn, descendente de alemães.

No período entre os anos 1906 e 1912, Natho inicia seus estudos de piano aos cinco anos de idade, sua primeira professora foi, na verdade, a sua mãe. Tendo em sua família a música por tradição, era frequente a realização de saraus, peças teatrais ou recitais de canto e dança, compondo, neste período, obras como Dança de arlequim. Nesta idade ainda, foi influenciado pelo catolicismo, e sob orientação de um sacerdote, foi convidado a participar de cerimônias religiosas aos domingos, tocando peças de J. S. Bach e improvisos. Também, nessa época, tocou piano em clubes noturnos de Artigas, Uruguai, de forma a complementar e ajudar a renda da família, momento em que passaram por grandes dificuldades. Com o passar dos anos, Natho Henn passou a ser notado pela sua qualificação composicional, compondo uma coleção de valsas, influenciado principalmente, pela música de balé.

Em 1913, apesar das grandes dificuldades, sua mãe e Natho passam a residir em Montevidéu, na busca de continuidade dos estudos de piano de seu filho. Nesta fase, foi aluno de Willians Kokler, condiscípulo de Rubinstein. Foi nessa época que escreveu música para Branca das Neves, opereta em que foi intérprete principal. Ainda nesta fase, Natho Henn debruçou-se no estudo técnico do piano, impondo-se um rigoroso período de aperfeiçoamento criando estudos por meio da utilização de oitavas e terças de forma cromática, mesclando variações rítmicas. Ainda, compõe uma série de minuetos com temas modulados em diversas tonalidades, acentuando o sotaque brasileiro nessas composições. No mesmo ano, retorna a Quaraí, onde passa a lecionar piano e compor outras peças como, O Guasca, composição de características regionais, que procura captar os sons e o ritmo do estilo sulino de viver. Em 1917, sua mãe, Inocência Henn, acaba falecendo, foi ela a grande incentivadora de Natho para a arte e para a música.

Não se tem muitas informações sobre o lapso temporal após este período até a data de 1929, que é quando o Instituto Verdi de Montevidéu, outorga a Natho Henn o título de Professor Superior de Piano, com a classificação Sobresaliente y Mencion. Ainda neste período, estudou com Eduardo Fabini, importante compositor e pianista uruguaio, compositor de obras como “Tristes”, “Intermedios”, “Estudio Arpegiano” entre outras.

Em 1931, fixa residência em Livramento, neste ano, entre idas e vindas, viaja a Porto Alegre para apresentar um concerto na Sala Beethoven, espaço musical destinado a apresentações e concertos de música erudita, localizado na Casa Beethoven, loja de instrumentos musicais, acessórios e partituras que se mantém em exercício ainda nos dias de hoje.

Em 1934, apresenta recital no Theatro São Pedro, no programa estão obras de Beethoven, Chopin, Debussy, Fabini, Frutuoso Viana e as suas próprias composições.

Em 1935, ano do centenário da Revolução Farroupilha, é instituído um concurso musical para compositores gaúchos, competição cuja obra Páginas do Sul, de Natho, é vencedora.

Em 1939, apresenta recital de piano no salão nobre da Prefeitura de Livramento, entre as obras executadas, estão composições de Beethoven, Schumann, Debussy, Chopin e Liszt.

Em 1940, participa dos festejos do Bicentenário da Cidade de Porto Alegre, onde toca sua composição Páginas do Sul, figurando também o álbum comemorativo do Bicentenário.

Em 1942, muda-se para Porto Alegre, onde passa a exercer atividades de professor de piano, compositor e concertista. É neste período que surgem composições como “Violão” e “Prelúdio”. Passa também, a se apresentar em concerto no Theatro São Pedro, no programa, constavam clássicos e autorais.

Em 1943, compõe as obras “Ciranda”, “O canto da rolinha” e “Hino glória ao Brasil”, também trabalha com arranjos musicais para teatro infantil.

Em 1944, compõe “Prelúdio I” e “Prelúdio II”, apresenta-se no Theatro São Pedro novamente, conquistando, aos poucos, lugar entre artistas gaúchos.

Em 1945, realiza concerto em Santa Maria, em comemoração à reinstalação da Biblioteca Pública, e realiza recitais de piano nas Faculdades Católicas de Porto Alegre e novamente, mais um concerto no Theatro São Pedro, para a novel Associação Porto-alegrense de Cultura Artística, no programa, contava com obras de Mozart, Chopin, Mnuel de Falla, Luis Cosme, Liszt e composições próprias.

Em 1946, é nomeado Fiscal do Ensino Musical Particular pela Secretaria de Educação e Cultura do Rio Grande do Sul. Como professor, tem a satisfação de ver seus alunos realizando cursos de virtuose na Europa, entre eles: Maly Weisenblum, Raquel Gutiérrez, Roberto Szidon, Miguel Proença, entre outros. Ainda neste ano, participa, no Rio de Janeiro, da conferência-concerto Aspectos gerais da formação musical no Rio Grande do Sul, com o jornalista Paulo Antônio Moritz, no Auditório da Associação Brasileira de Imprensa. Nesta conferência - prestigiada por compositores como Radamés Gnattali, Luis Cosme e Walter Schultz - Natho Henn executa suas composições autorais.

Em 1947, participa de concerto em palácio, organizado pelo governador Valter Jobim, em homenagem ao presidente do Chile Gabriel Gonzalez.

Em 1954, é nomeado para exercer, cumulativamente o cargo em comissão de Assistente Técnico da Divisão de Cultura.

Em 1955, inaugura, com outras autoridades, a Discoteca Pública, localizada em um velho casarão situado na Praça Dom Feliciano. Natho Henn, torna-se o responsável e primeiro diretor desta instituição. Na Discoteca, realiza programas artísticos, incluindo obras autorais e participações. No mesmo ano, participa também do I Festival de Compositores Rio-grandenses no Theatro São Pedro, iniciativa do maestro Pablo Komlós, diretor da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, dentre os participantes, destacam-se a presença de Walter Schultz Portoalegre, Radamés Gnattali, Roberto Eggers, Armando Albuquerque, Araújo Vianna e Murilo Furtado.

Em 1956, compõe canções de Ofélia, personagem da peça de Hamlet, escrita por William Shakespeare. No mesmo ano, atua como solista no Festival Comemorativo do Bicentenário de Mozart, junto à Orquestra de Câmara do Instituto de Belas Artes (SOCIBA), sob a regência do Maestro francês Jean Jacques Pagnot. Ainda, realiza, em conjunto com o maestro Pablo Komlós e a professora Vera Thielen, audições discofônicas comentadas no Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano. Em dezembro do mesmo ano, inaugura, com o Diretor da Divisão de Cultura Ado Malagoli e outras autoridades, o Auditório Luis Cosme, na Discoteca Pública.

Em 1957, organiza audição discofônica, na Casa do Estudante, a pedido da Federação de Estudantes Universitários do Rio Grande do Sul. Nesta audição, a ementa foi baseada em comentários explicativos sobre obras e autores brasileiros. No dia 14 de julho deste ano, executa seu último concerto, no Centro Artístico e Literário Cap. Ernani Trein, em Porto Alegre.

Em 1958, é designado a exercer a função de Técnico em Música, no Theatro São Pedro. No dia primeiro de agosto, falece Natho Henn, em decorrência de insuficiência coronariana, artério esclerose, com a idade de 57 anos, no Hospital São Francisco, em Porto Alegre.

Entidade custodiadora

História do arquivo

Grande parte do acervo que compõe esta coleção é oriundo do próprio acervo pessoal do patrono da instituição que leva o seu nome. Após o falecimento de Natho Henn, em primeiro de agosto de 1958, a até então chamada Discoteca Pública passou a receber, recolher e armazenar o acervo documental pertencido a Natho Henn e no ano de 1959 foi promulgado o Decreto N° 10.645, renomeando a Discoteca Pública como Discoteca Pública Natho Henn, uma forma de homenageá-lo por ter sido ele o criador, o idealizador e o primeiro diretor dessa instituição. O acervo pessoal de Natho era constituído majoritariamente de documentos pessoais, escritos poéticos, manuscritos, partituras, cartas, programas de concertos, críticas de jornais, fotografias, entre outros. Dentre os planos de Natho Henn como diretor da Discoteca estavam a realização de um trabalho educativo musical ascensional, encontrando subsídios na destinação da difusão da cultura objetivada pela Divisão de Cultura, criada pela Lei N° 2.345, de 29 de janeiro de 1954, parte ramificada da Secretaria de Educação e Cultura. Inicialmente, tal trabalho encontrava respaldo por meio de audições públicas comentadas. Pelas palavras do próprio Natho Henn: “Almejamos sobretudo realizar audições que ilustrem a marcha progressiva da música através da história, sua evolução e assim também o surgimento e evolução das formas musicais. Será um meio de conduzir o ouvinte, sem muito esforço, do mais simples ao mais complexo.” As audições comentadas eram desenvolvidas e pensadas também em prol dos compositores gaúchos da época, de forma que suas obras eram executadas e comentadas por alguns dos músicos gaúchos mais relevantes do período.

Fonte imediata de aquisição ou transferência

Estima-se que, no segundo semestre do ano de 1959, a Discoteca Pública passou a receber o acervo pessoal de Natho Henn. Não foram localizados registros especificando as datas e os documentos recebidos.

Área de conteúdo e estrutura

Âmbito e conteúdo

Esta coleção abrange documentos pessoais de Nathalio Henn, datados a partir do ano de 1929, contando também com posterior produção documental e textual, com documentos produzidos até o ano de 2004. A maior parte do conteúdo é originário do Brasil, salvo materiais específicos, como o diploma recebido por Natho como Professor Superior de Piano, pelo Instituto Verdi, de Montevidéu, capital do Uruguai. Grande parte da coleção é composta de recortes de jornais contendo notícias de época acerca de concertos, programas e alunos do pianista. Soma-se a coleção, manuscritos de escritos de Natho Henn dissertando sobre obras musicais específicas e também poemas de sua autoria. A coleção conta também com uma parte iconográfica, composta por fotografias de Natho Henn e seus amigos. Ainda, existe documentação da ficha funcional do compositor, contendo registros como a Carteira de Identidade Social da Associação dos Funcionários Públicos do Estado do Rio Grande do Sul, portarias, requerimentos e recomendações.

Avaliação, seleção e eliminação

Não há registro de avaliação ou eliminação. Todos os documentos que compõem o acervo do Natho Henn são considerados de preservação permanente pela instituição.

Incorporações

Não foram realizados ingressos adicionais e nem se espera o recebimento de novas incorporações.

Sistema de arranjo

A Coleção tem uma organização básica por uma tipologia documental acerca de Natho Henn. Da coleção, subdividem-se diferentes subcoleções acerca de determinadas temáticas, que agrupam tipos de documentos textuais e iconográficos.

Área de condições de acesso e uso

Condições de acesso

A pesquisa no acervo é realizada mediante agendamento pelo e-mail institucional. O manuseio de parte dos documentos é realizado apenas pelos servidores, dada as condições de deterioração dos acervos, a fim de preservá-los. E-mail para agendamento de pesquisa: discotecanathohenn@sedac.rs.gov.br

Condiçoes de reprodução

Os documentos são disponibilizados de forma derivada apenas, é vedada a utilização para fins comerciais. Para finalidades acadêmicas, é obrigatória a citação. Parte dos documentos são protegidos pela Lei de Direitos Autorais - Lei N. 9610.

Idioma do material

  • português do Brasil

Script do material

    Notas ao idioma e script

    Características físicas e requisitos técnicos

    Instrumentos de descrição

    A Discoteca Pública Natho Henn está em fase de elaboração de listagem digital dos documentos vinculados a esta coleção.

    Área de materiais associados

    Existência e localização de originais

    Grande parte da documentação é original, produzida pelo próprio Natho Henn, outras produzidas pelos Órgãos Administrativos do Estado do Rio Grande do Sul e outras pelos veículos de imprensa da época.

    Existência e localização de cópias

    Não se tem conhecimento da existência de cópias, salvo as realizadas pela instituição para fins de preservação dos originais.

    Unidades de descrição relacionadas

    Dada a sua particularidade, não existem unidades de descrição relacionadas a esta coleção.

    Descrições relacionadas

    Nota de publicação

    Algumas informações redigidas foram retiradas de material não publicado, escrito por servidores da Discoteca Pública Natho Henn ao longo das últimas décadas. Os dados foram compilados com entrevistas e depoimentos de artistas e autoridades da época.

    Área de notas

    Identificador(es) alternativos

    Pontos de acesso

    Pontos de acesso de assunto

    Pontos de acesso de nome

    Pontos de acesso de gênero

    Área de controle da descrição

    Identificador da descrição

    DOC NH

    Identificador da entidade custodiadora

    BR RSDPNH

    Regras ou convenções utilizadas

    ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6023: informação e documentação: referências: elaboração. 2ª ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.

    BRASIL. Conselho Nacional de Arquivos. NOBRADE: Norma Brasileira de Descrição Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2006.

    CONSELHO INTERNACIONAL DE ARQUIVOS. ISAD(G): Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística. 2ª ed. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2000.

    Estado atual

    Final

    Nível de detalhamento

    Completo

    Datas de criação, revisão, eliminação

    Elaboração da primeira versão: agosto de 2023.

    Idioma(s)

    • português do Brasil

    Sistema(s) de escrita(s)

      Fontes

      Nota do arquivista

      A descrição da coleção foi elaborada por Yuri dos Santos Passos, Analista em Assuntos Culturais (DPNH).
      Revisada por Igor Baggio, Analista em Assuntos Culturais (IEM).

      Área de ingresso